A Epicondilite Lateral, também chamada de "cotovelo de tenista", não é exclusiva dos jogadores de tênis. Muitas
outras atividades repetitivas de extensão do punho e dedos podem gerar epicondilite. É uma queixa comum de dor no
cotovelo e se caracteriza por dor na região do epicôndilo lateral (aquela proeminência ósseoa que palpamos na
face lateral do cotovelo).
Os músculos que fazem a extensão do punho e dos dedos tem origem na parte lateral do cotovelo, no epicôndilo
lateral. Muitas atividades que exigem movimentos repetitivos ou contração estática de extensão do punho e dedos
causam tensão neste local. Com a sobrecarga excessiva e repetida, o processo inflamatório inicia-se gerando
dor. No caso da epicondilite lateral, o processo inflamatório agudo não é a principal causa da dor. Na verdade
o que ocorre é uma degeneração dos tendões (tendinose), gerando uma organização anormal das fibras de colágeno.
Nestes casos, em vez de células inflamatórias, o corpo produz outras células chamadas fibroblastos. Quando
isso ocorre, os tendões perdem sua força de tensão normal. O tendão fica frágil e predisposto a lesões.
Cada vez que uma fibra do tendão é machucada pelas atividades, o corpo gera um tecido cicatricial diferente
do tecido normal. O local mais acometido são as fibras do extensor radial curto do carpo.


A epicondilite lateral causa dor na parte lateral do cotovelo, que pode se irradiar para o antebraço. Pode haver diminuição
de força para extensão do punho e dos dedos. Normalmente não há diminuição dos movimentos do cotovelo. O exame físico pode ser
suficiente para o diagnóstico. Exames de imagem podem ser necessários para descatar outras doenças e problemas que geram
sintomas semelhantes. Radiografia simples e a ultrasonografia são exames que podem auxiliar no diagnóstico diferencial.
A ressonância magnética é o exame mais acurado e permite avaliar tanto a epicondilite lateral quanto outras alterações
locais. Não precisa ser realizada de rotina, somente em alguns casos em que o médico julgar necessário.

O tratamento inicial consiste na diminuição da dor e da sobrecarga. Para a dimuição da dor existem diversas opções:
gelo, medicações analgésicas e anti-inflamatórias, acupuntura e fisioterapia. Eventualmente pode ser indicada uma
infiltração com corticóide. O mais importante é saber que a infiltração é apenas uma etapa do tratamento para a melhora
do quadro. O uso de órteses para o punho ou de cintas na região do cotovelo também colabora com a diminuição da
tensão local. Em seguida, o fortalecimento dos tendões e do antebraço é iniciado, de modo progressivo. A melhora
da dor nem sempre é imediata e a resolução completa da doença pode levar até 6 meses. Para quem trabalha com
digitação, é necessária a correção da postura durante atividades no computador. O apoio completo do antebraço
na mesa e o uso de apoios para teclado e mouse são recomendados. Pausas periódicas durante essas atividades,
associadas a alongamentos, são métodos úteis tanto para a prevenção quanto para o tratamento. Para os
praticantes de tênis, diversas medidas são recomendadas. Dentre elas, a melhora do gesto esportivo é a
mais eficaz. Uma das causas da epicondilite lateral nos tenistas é o movimento de "backhand" com uso excessivo
do punho para aumentar a potência ou para gerar efeito. Além disso, quando o tempo de bola está "atrasado",
o jogador tende a utilizar o punho para conseguir rebater de modo eficaz. A avaliação da tensão do encordoamento
da raquete, o uso de anti-vibradores e o tamanho da empunhadura também são medidas importantes.


A maioria dos casos apresenta boa resposta com o tratamento conservador. Nos
casos resistentes,
que não melhoram com o tratamento conservador (pelo menos 3 a 6 meses), o tratamento cirúrgico pode estar
indicado. O tratamento cirúrgico realizado é feito através da ressecção do tecido degenerado próximo ao
epicôndilo lateral. Hoje sabemos, que este tecido é a causa da dor, e localiza-se, na grande maioria das vezes,
no músculo extensor radial curto do carpo, podendo se estender ao extensor comum em algumas situações.
Esta ressecção pode ser feita com um corte de aproximadamente 5cm sobre o epicôndilo lateral no cotovelo ou
por meio da videoartroscopia. Em torno de 10% dos pacientes operados existe uma dor residual no epicôndilo lateral.